sábado, 19 de fevereiro de 2011

pagando a conta de luz…

Há umas 2 semanas atrás, recebi minha primeira conta de luz. Simples seria se eu a consegui ler. Veio em holandês. Em francês já seria na base da adivinhação, mas em holandês é sacanagem.

Ok, conta de luz. Deve ser simples. Eram 3 folhas. Uma com o consumo, uma pequena com um monte de coisa escrita e outra em vermelho que parecia ser o boleto. A única coisa possível de entender, 11 de fevereiro. Assumi como prazo do pagamento, e daí onde pagar?

Aqui há várias lojas a la vende tudo. Jornais, revistas, créditos para celular e etc. Por instinto achei que pudesse pagar em qualquer uma. Afinal, no Brasil paga(va?)-se até em lotéricas. Procura na internet aqui, procura na internet dali e nenhuma informação do que fazer. Ok, o banco. Segundo instinto. Ainda assim, ligo para minha mais nova consultora de assuntos burocráticos, Carol.

- Ei, tenho uma pergunta ridícula. Onde eu pago a conta de luz?
- Eu pagava no banco até descobrir como pagar online.

Fui para o banco. Fila na recepção, como em todos os lugares desse país. Chega minha vez e ela confirma que eu posso pagar ali. Ótimo.

Fila agora pro caixa. Entreguei as 3 folhas.

- Você tem seu cartão de identidade com você?

(Hã?! Como assim?! Preciso de passaporte, cartão de identidade e essas coisas pra pagar uma conta?)

- Não. Eu não trouxe nada comigo. Eu só vim pagar a conta, daí eu só tenho o dinheiro para pagar a conta. Não serve?
- Não. Eu preciso de sua identificação.
- Outra alternativa?
- Tem o correio na rua de trás. Eles aceitam.

Chego no correio. Fila.

- Oi. Eu vim pagar a conta de luz, mas não tenho nada comigo que não seja o dinheiro para pagar a conta de luz. Isso já ajuda?
- Tudo bem. Você pode pagar aqui.

(Ok então)

Entrego as 3 folhas.

- Você não assinou aqui.
- Onde?
- Essa daqui. É o contrato. Você tem que assinar. (me mostrando uma das 3 folhas)
- Ah! Isso é o contrato? Como eu vou assinar um contrato se eu não sei o que está escrito?
- É só um papel falando que você confirma tudo que foi falado ao telefone quando abriu a conta.

Assinei. Se não, não teria luz e nem gás.

- Ei, você sabe porque minha conta veio em holandês? Quando estavamos acertando os detalhes, nunca foi falado holandês. Sempre francês ou inglês. Menina estúpida do telemarketing. 
- Ahã!... Eu vou mudar pra você…. Holandês?!?!  (e deu uma baforada de reprovação).

Eu ri, e proferimos, ainda que em silêncio, palavras de reprovação ao acontecido.

Assim, a mocinha do correio - que me fez esperar horas na fila - foi até agora a única pessoa simpática e pró-ativa que encontrei por aqui. E também, foi essa a primeira vez que eu vi algum sinal real de desentendimento entre as línguas.

beijinhos de quem vai pagar online na próxima vez,
Ellen

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

coisas que só o Google Translator faz por você....

E depois de anos tentando assistir Tropa de Elite 2, finalmente eu consegui achar uma versão jóia. Sim, eu sei que não é bonito ser assim, mas como até filme para entrar em cartaz aqui demora horrores, eu tinha pressa. Achando que todos meus problemas tinham acabado, faltava a legenda. Não que eu precise, obviamente. Só que  ele sim precisa. Foram meses até achar o filme, então não esperava muito diferente para a legenda. Procura daqui, procura dali, 5min depois e voialá....legenda encontrada, mas em português! - o que não entendi muito bem o porquê, mas acabou sendo útil. Ok, filme em português, legenda em português e o que fazer? Nosso amigo-de-todo-dia Google deu a resposta. Um programinha jóia que traduz em 5min qualquer legenda para a língua que você desejar. E obviamente, faz isso de um jeitinho que só o Google pode fazer por você....

...e foi assim que Capitão Roberto Nascimento virou  Bob Birth!  

beijinhos ao pé da letra,
Ellen

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

o dia em que eu deixei de ser loira

Sempre achei que eu fosse loira. Não digo loira do tipo loira, mas loira do tipo loiro escuro ou castanho claro. Foram 26 anos acreditando que eu fosse assim. Não que eu quisesse ser loira e tenha mentido para mim esse tempo todo, mas é que eu realmente acreditava ser.

Há umas 2 semanas, na minha aula de francês, aprendíamos alguns adjetivos e a descrever coisas, objetos e afins. Daí meu professor me perguntou:

- Ellen, como você se descreveria?

Dentro da minha limitação de vocabulário, obviamente usei apenas as palavras que havíamos acabado de aprender.

- Eu? Bom...vamos lá. Ah, eu sou feliz, jovem do tipo super jovem, poderia estar com uns quilos a menos e blablabla e blablabla...Ah, e sou um pouco loira.   (reparem que eu disse um pouco loira. No meu francês, un peu blonde).

Todos começaram a rir.

Ok, na minha sala há uma italiana super morena e o resto é loira do tipo loira mesmo. E eu sou a peu blonde. Quer dizer, eu achava que era. Aparentemente eu sou morena por esses lados, e não adianta tentar convecê-los do contrário.

Voltei confusa para casa.

Daí durante o jantar:
- Ei, aparentemente eu não sou loira aqui na Europa.
- O quê?
- É, hoje na aula de francês eu me descrevi como loira e todo mundo riu.
- Mas é claro que eles riram.
- Como assim claro? São 26 anos acreditando numa coisa, daí vem um francês careca e me fala que eu sou morena? Você me acha morena?
- Claro que eu te acho morena. Por quê, você se acha loira? 
- Eu sou um pouco loira! E assim, você não acha que é nem um pouquinho loiro escuro ou castanho claro talvez?
- Não, nem um pouco.
- Hmm...você sempre soube que eu era morena?
- Claro que sim! Ellen, você tem certeza que sabe a tradução correta para loira e morena?
- Claro que eu sei! Em francês e em inglês.
- Então você é morena. Vai ter que aprender a conviver com isso.

E após 26 anos terminei meu dia sabendo que sou morena, mas com alma de loira.

beijinhos escurecidos,
Ellen