terça-feira, 17 de novembro de 2009

graduation

A graduação foi tudo muito bem.

Na verdade eu ainda não entendi muito bem porque a tivemos. Longe de me desmerecer, mas é que no Brasil temos apenas na 8a. série, colegial e faculdade. Nunca ouvi falar de especializações terminadas em cerimônias. Bom, a verdade é que eu adorei. Senti-me jovem e formanda de novo, ou melhor, graduand. =)


=)

No geral, não muda muito do que acontece aí. Sobe no palco, cumprimenta com a mão direita, pega o diploma com a esquerda e sai do palco. Entramos ao som de uma enorme harpa, flashes, pais por todos os lados, e eu - sorrindo para as fotos de terceiros. Aliás, que sensação estranha de ir para um lugar desse sozinha. Eu toda arrumadinha indo pegar o ônibus para ir a minha própria graduação. Bom, como estava completamente atrasada acabei indo de táxi. Senti-me menos loser. Aliás, cada formando tinha direito a dois convidados. E ainda assim, eu tinha convite sobrando. Enfim, detalhes.

Pelo que entendi era um dia de cerimônias, de diferentes cursos em diferentes horários. O meu era as 17h junto com o pessoal de jornalismo, propaganda, mídia e alguns outros cursos. Curioso isso. A vantagem é que por ser mais impessoal, vamos assim dizer, os discursos são bem mais curtos e apenas 3 pessoas falaram. A desvantagem é que como não é só a sua turma, não rola aqueles textinhos cheios de piadinhas internas tão divertidos. Porém, ainda assim foi bacaninha.

A única coisa que me chocou foi o chamado coquetel que teríamos depois da cerimônia. No convite estava escrito light refreshment e por isso eu aguardava ansiosamente, já que estava atrasada e nada comi. Tudo bem que era light, mas imaginei uma tacinha de vinho e uns quitutes gostosinhos, até batatas poderiam ser, embora batatas não sejam light. Porém, eis que saio do salão principal e me deparo esse coquetel:

Sim, chá com bolachas. Senti-me comemorando com uma boa avózinha irlandesa. Ao invés do vinho, da champanhe ou da Coca que seja, a jarra de leite era a mais disputada, tanto que não consegui tirar a foto com ela na mesa. Faminta que (obviamente) estava (assim como todos os outros) saímos para comer numa lanchonete daqui, derrubei toda maionese no meu único-e-novo vestido-de-ocasiões-especiais, enfrentei uma chuva torrencial sem guarda-chuva, mas ainda assim tive uma noite feliz, e alimentada, num pubzinho no Temple Bar. E logo que o vestido secou da chuva, a mancha voltou a aparecer. Detalhes.


Jozef, o eslovaco, e a Hazel, a dublinense - os dois da minha sala


Luciana, a prova de que tinha convidados


eu e a Hazel, ela número 26 e eu 28 da fila


os arroz de festa versão feminina da minha sala
(e pasmem, a china não é china, é irlandesa)

beijinhos festivos,
Ellen

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

!!!

Essa semana está sendo movimentadíssima.
Primeiro, que não tenho só um, mas agora dois empregos (aplausos)!!! E segundo, que hoje é a minha festa de graduação e usando beca (aplausos) !!!

Como diriam meus companheiros de casa, hoje tenho que me colocar guapa. Então, os detalhes ficarão para depois e com fotos.

beijos sentindo a falta de vocês por aqui hoje,
Ellen

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

eu vi duendes

Há! Que bonitinhos estamos de cara nova e limpa! =)

Ok, sei que não é um leprechaum esse daí de cima, mas é um gnomo viajante. E também já estava nauseada das listras antigas.

beijinhos afeitados,
Ellen

terça-feira, 27 de outubro de 2009

samba

E aí que ontem eu quase chorei na rua.
Era segunda-feira, feriado e dia nublado. Ok, não foi bem por isso que chorei. Digo, quase chorei. Como todo mundo do meu mundo de 4 pessoas estava ocupado, fiquei sem muito o que fazer. Resolvi dar então uma voltinha pela cidade que eu julgava estar condizente a uma segunda-feira de feriado e chuvosa. Engano meu. Pessoas por todos os lados, lojas abertas e uma maratona ali no meio de tudo. E por causa da tal maratona, havia uma espécie de área motivacional. Umas cinco pessoas com um megafone gritando palavras de incentivo e uma bandinha de outras três pessoas tocando batuque! Sim, os mesmos batuques que estamos habituados. Ok, as pessoas do megafone seriam irritantes se não fossem bem apresentáveis e se não tivessem suas vozes abafadas pelo som dos tambores. Já o batuque provocou sentimentos confusos em mim entre sair sambando, chorar ou chorar sambando. Sensibilizadíssima que fiquei, resolvi estabelecer contato com o grupo. Para minha surpresa, nenhum era brasileiro. Só que eles aprenderam com nossos amigos canarinhos e fazem parte de um grupo maior com alguns deles. Conclusão, o desejo de outrora que eu tinha na faculdade de fazer parte da bateria e que nunca se realizou, talvez se torne realidade. Os encontros são todas as quartas-feiras. Amanhã descobrirei como funciona e depois conto a vocês se aprendi a batucar com irlandeses.


(o vídeo é meio longo, então se não tiver paciência comece assistir na metade, por volta do 1:30)

beijos tocados,
Ellen

terça-feira, 6 de outubro de 2009

welcome to ireland! =)

Hoje pela manhã tive notícias de que em algum lugar lá pelos lados do leste europeu estava 33°C. E é outono. Aqui, agora pela noite, estava com um frio que me consumia. Por curiosidade, fui ver a temperatura e voilà, 3° C! E é apenas o outono.

beijos pensando no cobertor com mangas que vi por aí,
Ellen

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

arthur’s day

Hoje é dia de festa.
É aniversário de 250 anos da Guinness, também chamado de o Dia do Arthur.

Arthur-de-sobrenome-previsível- Guinness foi o fundador e logo um cara de visão que assinou um termo de uso da fábrica St. Jame´s Gate por 9mil anos. Sim, simbólicos 9 mil anos.

Não chega a ser um St. Patrick´s Day, mas as coisas andam movimentadas. Haverá um tête à tête para os mais íntimos lá na fábrica da Guinness. Alguns shows, dos quais tomei apenas conhecimento há poucas horas atrás e cujos ingressos já estão esgotados desde junho, acontecerão em alguns pubs e night clubs (uhu). E para o restante dos mortais, como eu, haverá Guinness a 2,50 em cerca de 30 pubs amigos do Arthur.

Corre o boato de que também haverá uma queima de fogos na beira do rio Liffey. Lá certamente estarei para conferir. E já as más línguas, dizem que depois de hoje o Dia do Arthur pode entrar no Guinness Book como o dia em que havia mais bêbados nas ruas de Dublin. Eu não dúvido.

Façamos então um brinde ao Arthur!


(longe de substimar a capacidade adivinhativa de meus já-não-sei-mais-se-são-leitores, mas o vídeo é uma espécie de telefone sem fio mal sucedido, o que convenhamos, não é difícil de acontecer quando se tem algum irlândes participando. Começa com um brinde ao Arthur, mas com sua pronúncia tão condizente com a realidade acaba virando Martha e por aí vai…Ah, e reparem nos pubs!)

Curiosidades:

- não sei se já falei, mas a Guinness não é preta. Sempre me choco quando lembro disso. Na verdade ela é vermelha-extremamente-escura. É só olhar contra a luz…

- sou vizinha do Arthur. Sim, o tal do St. Jame´s Gate (que literalmente é um portão, afinal, gate=portão em português) fica no final da rua de casa. Ou seja, como política da boa vizinha, latinhas, quitutes ou até um balãozinho deveria ter sido dado a nós. Afinal, sempre aguentamos o cheiro pouco saboroso da cevada sendo processada aos sábados de manhã e também seremos vizinhos por mais 8.750 anos. Justo querer desenvolver uma relação saudável.

- o horário oficial da comemoração será as 17h59 (já que 1759 foi O ano), ou seja, em exatos 10 min. Preciso me apressar e dar uma espiadinha lá na rua.

Cheers!

uma bitoca espumante,
Ellen

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

salve

Quase que um mês depois, voltei. Voltei à agora-já-invernamente-fria Dublin, voltei ao blog, voltei com 300kg extras (em mim) e uns dois tons mais escurinha, e voltei também cheia de amor para dar a vocês.

A Itália ficou ainda mais bella para mim. Conheci novos lugares, comi muito e bem, andei sinuosamente como nunca, eliminei parte da minha carência fraternal, pratiquei meu italiano macarrônico, me banhei em mares nunca antes utilizados, subi num vulcão, bebi vino della casa, fui a Corleone, andei de Fiat e comprei uma lambreta vermelha (ainda que em miniatura).

Logo, logo posto fotos e coisinhas interessantes sobre lá.

Ciao bellos (?)
baci,
Ellen

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

cositas e cositas

Há! Em menos de uma semana vejo as minhas duas pessoinhas mais bonitas desse mundo. Passarei 20 dias abraçada a eles sob o sol da Sícilia.

baci bellos,

Ellen

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

os banheiros

Hoje resolvi lavar o banheiro de casa.

Foi a primeira e a última vez. Digo, primeira vez que lavo esse banheiro e muito provavelmente será a última que lavo esse banheiro também, infelizmente. Aqui não há ralos! Nem um buraquinho sequer. Claro que há o ralo da pia e o ralo do box (que fica há uns 5cm de altura do chão, vamos deixar isso bem claro), mas que de nada servem além de escorrer a água dentro de seus limites espaciais. Aqui há uns lencinhos umedecidos para se limpar quase tudo. Sim, os mesmos que os bebês usam, mas talvez com um pouquinho menos de alvejante (ou seja lá qual for o princípio ativo daquilo que limpa e mata germes). Eu particularmente não gosto muito dos lencinhos. Ou melhor, acho que não gostava. Para mim lavar significa água e sabão. E tomada por esse pensamento limpinho de terceiro mundo, tive a brilhante idéia de jogar menos água e ao invés do sabão, um líquido-limpa-tudo. Assim, não precisaria de muita água já que não tinha o sabão para enxaguar. Como não há rodos (claro, para onde eles levariam a água?) precisei da ajuda do esfregão (!!!). Ahã, eles ainda usam esfregão. E lá vou. Esfregão absorve a água. Torço o esfregão no balde. Esfregão absorve a água. Torço o esfregão no balde. Meio a la Cinderela. E aquela pequena quantidade de água que eu tinha jogado virou uma Amzonas. Repeti o movimento além da exaustão. Meus braços já estavam dormentes. É aí que você meu leitor (se é que ainda há algum) pode estar pensando na mesma coisa que eu pensei. Porque não deixar as janelas abertas e esperar secar naturalmente? Simples! Raramente há janelas nos banheiros irlandeses. Ahã, eu sei. Também levei algum tempo para me acostumar. Ok, na verdade demorei para perceber que não havia nada além do buraco da fechadura que me conectasse ao mundo exterior. Daí quando dei por mim, passei me sentir sufocada. Hoje já estou melhor.

Só sei que isso me faz entender algumas coisas que antes não conseguia:
- as casas aqui são menos limpas que as daí (salva as exceções, claro);
- aqui não há empregadas e derivados (só em raríssimos casos), cada um limpa o seu (trabalhinho árduo esse aqui. Se bem que há os lencinhos...);
- lembram do Dia das Mães? Pois então, foi complicado achar um cartão coerente com a minha mãezinha. A maioria dizia coisas como "hoje não faça nada, descanse", "obrigado por lavar minhas coisa", "hoje é seu dia de não cozinhar" e coisas assustadoras do tipo. Não que não condiza com minha mãezinha, mas vocês me entendem. Eu fiquei meio chocada e achei meu ogro e machista, mas cada um com seus problemas. Agora eu sei o por quê. Não é fácil ser dona de casa nesse país.


Dá-lhe os lencinhos!


beijinhos a exaustão,

Ellen


P.S. E só mais uma curiosidade sobre os banheiros na Irlanda. O interruptor da luz é para fora. Assim, super vulnerável. Qualquer menos desavisado ou metido a engraçadinho pode apagar a luz enquanto você está no banho...e como vocês sabem, quase não há janelas. Breu.

sábado, 18 de julho de 2009

ah, o frescor do verao...

Ok, nao me contive.

Escrevo agora como um desabafo. Estou em Budapeste, e deixando toda a parte bonita da historia de lado, tenho que dizer que estou derretendo aos poucos. Ontem estava 39 graus. Hoje foi 42 no sol e 35 na sombra! E nao, eles nao conhecem ventiladores e quem dira entao ar-condionado. Ok, alguns poucos conhecem. Meia duzia talvez. Se na rua eh super abafado, dentro dos lugares eh super-mega-ultra-blaster mais abafado ainda. Tenho ido a Igrejas para me refrescar. Por alguma razao, talvez divina, sao os lugares mais frescos. Bebo quase que 6 litros de agua por dia. Ainda me resta 1 dia e algumas horas aqui, torcam para que eu nao vire estatistica do numero-dos-que-se-foram no verao escaldante europeu.

beijos pingados,
Ellen

domingo, 5 de julho de 2009

De saco cheio, vou parar de escrever por um pouco.

Sorry!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Diploma in Event Management and PR! =)

E já que estamos falando sobre isso, acabo de receber pelo correio (ou por post, como dizem aqui) o resultado do meu projeto final. Ok, mais uma vez de maneira super-ultra resumida para situá-los, tive que escrever um projeto de conclusão e apresentá-lo. Nada de grupos. Era individual. Bom, não preciso falar o quanto fiquei apavorada e insegura, ainda mais após meu trauma-Projeto-de-Graduação-ESPM. Tudo bem que dessa vez foi uma versão mini, mas ainda ssim não era a minha língua. Só sei que aqui está meu resultado na versão íntegra (quase):

Dear Student,

Examination Results - June 2009

I am happy to attach a statement of the successful result of your recent examination.

On behalf of the lecturing and administrative staff of the College, may I take this opportunity to congratulate you on your significant and well-deserved achievement.

In due course you will receive documentation regarding our graduation ceremony which will be held in November 2009. You will receive your diploma at this ceremony.

Should you have any further queries please don´t hesitate to contact ... blá blá blá...

Traduzindo, passei! Ainda estou tentando entender a tabela com minhas notas, mas ao que tudo indica, tirei um B. Ou talvez um C+. Sei que A não foi! E digo mais, até festinha de graduação terei e claro que vocês estão convidados (se é que posso convidar alguém).

beijos de orelha-a-orelha,
Ellen

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Há!

Como nunca falei direito sobre o curso que fazia (sim, aquele que terminou há algumas semaninhas atrás) acredito que muitos (..muitos?) de vocês não saibam nem do que se trata. De uma maneira super-ultra-resumida, era um curso de alguns meses em Produção de Eventos e Relações Públicas. Ou mais pompuosamente em inglês: Event Management and Public Relations. Aliás, nome esse que me dava nos nervos todas vez que tinha que contar para alguém o que por aqui fazia. Ok, há a opção de abreviar o Public Relations para PR. Só que metade das pessoas não iriam entender. Se bem que essa mesma metade também não entendia quando eu dava o nome todo. Enfim. A boa nova é que meio que arranjei um quase-emprego. Sim, estou fazendo parte da organização de um evento. Hã, quão legal é isso?! =)
Na minha sala desse tal curso (onde eu era a única brasileira, por fim) havia um irlandês jornalista-e-técnico-de-futsal-gamadinho-no-Brasil (ou melhor no futebol brasileiro e suas variações). O time, no qual ele faz o papel de "professor" (adoro quando os Ronaldos da vida chamam os técnicos assim), metade dos jogadores são irlandeses e metade são brasileiros (claro!). Nessa atmosfera canarinha, ele pediu para ajudá-lo a organizar uma festa brasileira. Não, não será tipo uma churrascada para o time no final do campeonato. Aliás, nada terá a ver com o futsal. Só citei para situá-los do contexto. Será uma festa no melhor estilo brasileiro, no que depender de mim. Sei que há um propósito por trás de tudo isso (além dos fins lucrativos, claro), mas ainda não sei direito qual é. Amanhã nos reuniremos e descobrirei. Sei que estou mega animada e se tudo der certo, pode haver mais que uma edição!
beijinhos produtivamente relacionados,
Ellen
P.S. Perceberam que agora tenho acentos? Finalmente temos internet em casa de novo, ainda que emprestada (se vocês me entendem...)!

quinta-feira, 25 de junho de 2009

vivendo e aprendendo

Nos últimos tempos não estava lá muito assídua a minha aula de inglês. Basicamente dois motivos: dedicação ao outro curso (que acabou há umas duas semanas) e a sensação de ter empacado. Sim, chega uma hora que parece que você não vai nem para frente e nem para trás. Conclusão, entrei numa fase autodidata-social. Sim, um livro para dúvidas gramaticais e novos vocábulos, e um novo-e-já-não-mais-melhor-amigo-nativo para conversas e um inglês menos coxinha e mais interessante. Só sei que depois dessa fase academicamente arisca, resolvi voltar à ativa (afinal, já está tudo pago) e confesso que está sendo um processo doloroso. Já não estudo mais na mesma escola do ano passado com meus amigos coreanos. Aliás, algo que vale a pena comentar é que todos já se foram, o que não quer dizer que eu tenha me livrado desse meu lado amarelo. Na minha nova escola há vários deles também. Como em todo mundo, acredito. E com uma variação a mais, os chineses. Fisicamente ainda tenho dificuldade em diferencia-los. Pelo menos quando estão em silêncio, pois estou chegando a conclusão de que os chineses são muito mais espalhafatosos do que os coreanos, e muito mais quando comparados à raça zen dos japoneses. Se alguém já foi a algum restaurante tipicamente chinês, sabe do que estou falando e na vida real não muda muito. Socialmente eles têm uma vida estranha, pelo menos aqui. Trabalham, trabalham e trabalham. Ou seja, dinheiro, dinheiro e dinheiro. A maioria só vai as aulas de inglês por causa do visto. Enfim, ema ema ema. Eles são bem barulhentos e aparentemente tem a cabeça maior e um pouco mais chata. Bom, mas até aí não sou nenhuma expert no assunto. Eles são uma espécie de italianos do Oriente. E quando algum deles não tem o dom para falar inglês, esquece. Impossível entender. É como se estivesse ouvindo um vinil de trás para frente, como as músicas versão-do-mal do Raul Seixas. Claro que não dá para generalizar. Na minha sala há um chinês com pinta de coreano. Não consegui guardar ainda o nome dele. Só sei que ele é bem bonzinho. Tem a cabeça mais oval do que redonda, é sempre super educado, fala dentro do limite aceitável de decibéis, sabe se comportar e tem um inglês super compreensível. Ponto para ele. E acredito que ele não saiba, mas já o considero meu melhor amigo dentro daquela sala. Agora só preciso conversar mais com ele. Dos demais, digo, da imensa maioria, eu quero é distância. Sei que isso soa super preconceituoso e que se eu tivesse a menor decência, jamais abriria meu coração publicamente em relação a isso. A questão é que meu limite de irritabilidade nesses casos é baixo, fazendo minha pessoa ignorar essa tal de coisas politicamente corretas. Ou seja, recomendo a pessoas ultramente sensíveis que parem de ler por aqui. Um beijo-tchau.

Resumindo, somos uma classe em sua maioria de chinos, coreanos, brasileiros e duas maurícias (sim, há vida nas Ilhas Maurício). Quanta gente desinteressante! Ninguém sabe nada sobre assunto nenhum. E nisso inclui coisas de seu próprio país, e não digo a história detalhada, mas coisinhas bestas que poderiam animar um pouco nossas aulas. Ok, os asiáticos têm lá suas loucuras culturais, mas tenho um amor fraternal por eles. Normalmente fico horrorizada, emputecida ou o que for por 5 segundos e depois passa. Aliás, acho que já comentei isso antes, mas na Coréia do Sul, eles passam 14h por dia na escola (!!!) e os meninos no final de sua puberdade são reclusos no exército por 2 anos (!!!). Considerando a disciplina asiática, presume-se que deveriam ser todos no mínimo gênios, além de possuir um ultra conhecimento em técnicas de guerrilha e sobrevivência. Só que não. Ainda não conheci um coreano que fosse capaz de dizer onde o Brasil está num mapa mundi antes de ter conhecido um brasileiro. Sim, choca. Não que sejamos uma super potência mundial da qual todos deveriam saber inúmeros detalhes. Só que não dá pra dizer que passamos desapercebidos ao olho nu num mapa. Das 14h diárias, doze eles devem aprender a fazer dobraduras e chips. Sei lá. Para não levar para o lado pessoal, os considero da turma do café com leite. As maurícias parecem ser ok. Fisicamente elas são parecidas com os indianos. E também adoram um adorno.Uma, eu conheci apenas ontem, e a outra só vi uma vez, mas acho que ela não gosta de mim. Outro dia, estávamos a falar de tecnologia e de invenções que mudaram a vida de uma pessoa. Eu particularmente adoro máquinas de lavar roupa e kettles (uma chaleirinha elétrica que ferve a água em menos de 5min. Algo usado à exaustão por aqui e agora por mim também). Enfim, comentários perdedores à parte. Tanta coisa a ser dita, e o ser humano em questão disse que o celular é a melhor coisa que poderiam ter inventado. Democrática que sou, respeitei sem relutar. Cinco minutos depois, falávamos do microondas e ela então iniciou um discurso chato sobre radiação e blábláblá. Finalizou dizendo que era completamente contra e que não usava por medo. Eu entediada com aquilo tudo, resolvi apavorá-la e revelei que muitos dizem que os celulares também emitem radiações e com um agravante, diretamente para a cabeça. Ok, essa parte eu não sei se procede, mas ela ficou meio em pânico e sem reação. Deve ter ficado incomunicável para a família. Já os meus-seus-nossos conterrâneos cada vez mais me deixam boquiaberta. Sei que fritarei no mármore depois de tal comentário, mas não sei como muito deles conseguem atravessar o oceano. Jesuzinho! Uma vez encontrei no ônibus um menino que era moleque de rua no Brasil e veio para cá com o dinheiro dos vizinhos para tentar dar uma vida melhor para os pais. Super fico sensibilizada com histórias assim. Até choro. Só que não são de dramas que falo. São pessoas estranhas mesmo. Tipo, a Valdivânia que é cabeleireira no Piauí, tem 42 anos , a procura-desesperada por um marido e veio para Dublin. Coisas desse tipo. Ok, cada um faz o que bem entender da vida. Só não avacalha. Essas Valdivânias da vida são um perigo. São daquelas que colocam botas altíssimas para desfilar nos paralelepípedos de Dublin, usam brincos gigantes de miçangas e vestem casacos super-ultra-peludos só para ficarem chique na Europa(?!). E não preciso dizer que nada acrescentam também. Ou melhor, envergonham um pouco até. Devo estar num processo de elevação espiritual, de aprendizado, de socialização. Não posso estar passando por isso tudo à toa. Ok, não são todos assim, mas a maioria. Durante a aula, sempre interrompem para fazer algum comentário do gênero infeliz. Nunca me esqueço do dia em que tivemos que levar receitas de alguma comida típica de nosso país. Uma das Valdivânias da vida, que já não se encontra mais na minha sala, levou do Passion Mousse. Para os iniciantes, o Mousse da Paixão (?). Devo ser uma pessoa amargurada e sem amor algum, pois se não estou enganada, creio que nunca comi isso nos meus poucos anos de existência e de morada no Brasil. E também acredito que seria incapaz de faze-lo já que no final o segredo era a tal da pitada de amor (?). Eu queria me afundar no chão por ela. E na tal da aula em que discutíamos sobre as invenções tecnológicas, meu professor nos colocou em grupos para inventar algum produto que gostaríamos que existisse. Qualquer coisa. Digo que meu professor escolheu os grupos, ainda que por questões logísticas, pois eu preferiria ter cruzado a sala e ido para algum canto mais misto ao menos. Sim, estava eu com mais dois brasileiros. Uma menina e um homem-menina. E lembram das kettles que tanto gosto? A poia sugeriu que fizéssemos uma, só que para esfriar a água. Como assim cara pálida? A não ser que você seja de algum lugar onde é necessário buscar água no açude, já deve ter se deparado com aquele bebedouro de galão com duas torneirinhas: água gelada e normal. E diga-se de passagem, estampadas com meu nome e com minhas iniciais. Ok. É só apertar e lá está sua água gelada sem precisar colocar na geladeira antes de passar pela torneira. Expliquei, dei exemplos e até comentei que ela deveria visitar um desses bebedouros que há a menos de 50m da nossa sala. Ainda assim ela não pareceu muito convencida. Eu ignorei. Se quiser que use a serpentina de um barril de chope. Como se um não fosse suficiente, discutíamos entre nós sobre teletransportes e essas baboseiras quando o homem-flor sugeriu uma tipo de teletrasnporte que mandasse namorados e irmãos mais novos para o espaço. Hã?! É tudo bem se você acabou de entrar na adolescência, mas aqui estamos falando de um homem no auge de seus já-pra-lá-dos-35 anos. Não é à toa que dizem que os gays são mais sensíveis. Ou eu realmente devo ser desprovida de sentimentos. E não preciso dizer que ele não teve o menor pudor e repetiu isso para toda a sala depois, e o pior, como se tivesse sido nossa idéia. Um buraco no chão dessa vez não teria sido suficiente. Eu inventando máquinas para mandar ex-namorados para o espaço? Tenho uma dor física só de lembrar. Vexaminoso. E para encerrar a semana, estávamos em dupla fazendo um exercício. Sim, cada vez mais eu odeio atividades interativas. E mais uma vez, não escolhi meu par. Estava torcendo para cair com o chinês-coreano que estava ao meu lado, mas não. Meu professor mais uma vez acertou em cheio ao me colocar com uma louca que estava atrás de mim. Dessa eu tenho medo. Brasileira também. Dos 30min que ficamos lado a lado não trocamos nem uma palavra. Juro. Bom, pelo menos não entre nós. Eu disse hello e ela não respondeu. Eu perguntei se ela concordava com minhas respostas, e ela não respondeu. Internamente fiquei aliviada por não ter que tentar conversar com ela de novo. Afinal, eu tinha tentado, ela não respondeu, ótimo. Esforço a menos. E eu tinha certeza de minhas respostas, ela não me faria mudar. Digo e repito, cada vez gosto ainda menos dessas coisas interativas. Enfim, só sei que a louca deve ser medicinalmente louca. Ela ficou os 30min copiando (idiotamente) todo o exercício, e ao final de cada frase copiada ela voltava ao início e reforçava com a caneta somente algumas letras (!). Daí fungava, gemia e cantava sozinha (!!!). Até meu professor notou e não tentou mais forçar a interatividade entre eu e ela. Eu estava petrificada na minha cadeirinha. Pedi perdão por todos as coisas erradas que tinha feito na minha vida até então. Estava convicta que uma hora ou outra ela iria me perfurar com aquela caneta. Ainda bem que estávamos em público. Nunca mais. Se antes eu queria sentar perto do chinês-coreano, agora eu só quero é sentar longe dela. Doida de dar medo.

Só sei que antes eu tinha dois motivos para não ir, agora eu tenho vários. Porém, vou continuar a ir. Vai que é minha missão na Terra! =)

Beijos atordoados,
Ellen

P.S. Obrigada a Pam que publicou esse texto! Continuo com a internet de lan house, ou seja, horas limitadas para tentar resolver problemas de HTML. =)

terça-feira, 23 de junho de 2009

a place to go

Olha so que achei por ai....




Sim, Ellen Street e ainda com traducao para o gaelico. E digo mais, logo ao lado da avenida principal da cidade! =)

Ah, e a cidade era Limerick. Fui ha uns dois finais de semana atras quando fui para Galway (la do outro lado do pais) para festejar e ver a Volvo Ocean Race (que o Torben Gael ganhou). Na volta, passamos por la. Tem o maior rio da Irlanda. Nao duvido. Embora a nocao de grande aqui seja diferente da nossa.

beijos emocionadissimos,
Ellen

P.S. Depois dou mais detalhes, estou sem internet em casa.
P.S2 Por estar sem internet, estou numa lan house e por isso, me encontro momentaneamente desprovida de acentos.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

...

Algumas semanas atrás estava tentando convencer meus pais a pegarem um voo da Air France para virem para cá em junho. Eles estavam com uma bela de uma promoção. Ainda bem que não os convenci. Ok, sei que as chances deles estarem lá seriam remotas e também não dá para generalizar. Não é a primeira vez que acidentes assim acontecem e nem que, infelizmente, será o último, mas acredito nas estatísticas. E elas dizem que ainda assim é mais seguro voar de avião. Enfim. Não gosto muito de falar dessas coisas, só sei que aqui é notícia em todos os jornais e canais de TV. Três irlandesas, mais ou menos da minha idade, que voltavam de férias do Brasil estavam no voo....

Triste!

beijos reconfortantes,
Ellen

eu e meu computador

Cá estava eu ontem transtornada com o fim trágico do meu computador. Para quem acompanhou o drama da mancha preta que se formou depois de um infeliz acidente, digo que a mancha aumentou e aumentou. E agora ao invés de pedaços pretos, tenho uma tela inteira esbranquiçada. Poxa, poxa. A boa notícia, é que estava a comentar meu infortúnio com uma amiga e não é que ela estava com dois computadores em casa e um sem usar?! Pois é, não será dessa vez que vocês se verão livre de mim. Ainda que temporariamente. Ok, só vou ficar devendo algumas fotos, pois não consigo enxergá-las para resgatá-las.

beijos partidos,
Ellen

P.S. Quem quiser fazer uma doação (ainda que singela) para a aquisição de um novo computador (ainda que simbólico) mande-me um email, serei eternamente agradecida! =)

quinta-feira, 28 de maio de 2009

procura-se

Ok...vamos por partes...

Domingo estava andando em busca de uma praia. Sim, fazia um dia atípico de sol e calor. Daí, no meio do caminho encontre isso....ou melhor, encontrei vários disso pelo caminho....

Daí dúvidas surgiram...
Quem tem uma coruja e a chama de animal de estimação?
Quem traria de volta uma coruja?
E como alguém perde uma coruja?

Enfim...

beijos encafifados,
Ellen

terça-feira, 26 de maio de 2009

onde ela é amiga da rainha

As últimas semanas foram meio que conturbadas, tanto na minha quanto na vida alheia. Claro que tudo em sua devida proporção. Deixando a minha um pouco de lado e falando de quem causou nas últimas semanas, Susan Boyle é o nome da vez. Ela é uma escocesa jocosa, meio caipirona e de visual meio duvidoso que a fazem perder credibilidade e parecer alguns bons anos mais velha do que seus reais 47 anos. Ela mora com seu gato Pebbles num vilarejo na Escócia e nunca foi beijada. Ou seja, perfil ideal para uma bonachona. No entanto, ela resolveu ir além dos muros da Igreja local da qual faz parte e foi parar no Britain´s Got a Talent. Esse é um programa de TV mega popular desse lado do planeta. É como se fosse um American Idol (ou o tal do tosco, porém engraçado, Ídolos na versão brasileira), mas melhoradinho. Enfim. Lá foi ela com todo seu charme e simpatia cantar para concorrer ao prêmio final, que se não estou enganada é algo em torno de 100mil libras. Acho! E pelo que parece, o vencedor também se apresenta para a rainha. Sim, a majestosa Elizabeth deve estar com crises de popularidade. Enfim, pouco importa. A questão é que a mulher virou celebridade do dia para noite. Longe de mim fazer juízo de valores agora, só sei que quando ela entrou no palco acabou virando meio que piada pronta, arrancando risos do mal da plateia e piadinhas meio que humilhantes por parte dos jurados. Ok, ok. Só sei que a tal da Susan Boyle disse que iria cantar, não deu a mínima (ou foi pura inocência em não ter percebido o que estava acontecendo, o que eu acho mais provável) e ainda disse que queria ser igual a uma mulherzinha-lá-que-eu-não-faço-a-menor-idéia-de-quem-seja, mas pela risada que todo mundo deu quando ela falou, acredito que deve ser alguém famoso e no mínimo bom. Daí Susan Boyle deu uma reboladinha da qual também prefiro omitir opiniões e começou a cantar. A reação foi a mesma para todo mundo, aquela voz simplesmente não combinava com aquela imagem e todo mundo se calou. A amiga dos gatos deu um show. No final, os jurados pediram desculpas por terem sido uns manés aos julgarem ela pela aparência. Ficaram chocados. Assim como todos, creio. Disseram até que foi um privilégio a ter escutado cantar. E quem já assistiu a esse tipo de programa sabe que os jurados não são dos mais sensíveis e simpáticos. Sei agora que Susan Boyle é mais falada do que a gripe suína. O vídeo de sua apresentação foi visto por mais de 80 milhões de pessoas (!!!!) no You Tube, ela já foi citada nos Simpsons, deu entrevista pra Oprah e pro Lerry, tem Wikipedia sobre sua pessoa (!?) e talvez vai virar filme. Dá-lhe Susan!!!

o tal do vídeo visto por mais de 80milhões (está em inglês, mas vale a pena!)


Esse final de semana que se passou foi a semifinal do programa e claro que ela está dentro. Foi aplaudida de pé. E vale mencionar o tapinha que ela deu no visu, vamos assim dizer. Vestidinho de brilho, maquiagem leve e acho que até uma tinturinha no cabelo. Porém, continuou com aquele arzinho campestre. E é assim que tem que ser. Susan Boyle por um mundo melhor!

apresentação na semifinal (inglês de novo, mas também vale a pena!)

Semana que vem é a final, e certeza que ela será a próxima queridinha da rainha!

Vamos que vamos Boyle!!!

beijos afinados,
Ellen

P.S. Rola um bafafá que depois da apresentação na semifinal, a Susan se assanhou e deu um beijo nos bastidores em um dos jurados por quem ela morre de amores! Se vocês assistiram o 2o. vídeo até o final, ele é o tal do Piers pra quem ela dedica a tal da reboladinha comemorativa. Piers baby! =)
P.S.2 Super me simpatizo pela Susan, mas o Darth Vader que dança Michael Jackson…poxa vida! Gostaria de vê- lo com a rainha…
P.S.3 Se você ficou com preguiça de clicar no nome citado acima, tenho que dizer que é um vídeo que também vale a pena.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

de volta!

Olá minha meia dúzia de gatos pingados desgarrados,


Depois de um período academicamente tumultuado e virtualmente parado, o blog volta à ativa e com novas vestimentas! Espero que gostem e que a enorme quantidade de listras não causem náuseas! =)

piscadelas,
Ellen

domingo, 10 de maio de 2009

agora é…

… Dia das Mães!

Um viva para a minha e para a mãe de todos vocês!

Eu e a Cabeça que eu tanto gosto

beijos ensandecidos na minha mãe e outro pra vocês,
Ellen

P.S. E não será dessa vez que o cartão tambem chegará a tempo. Achei que tivesse um longo período entre um dia das mães e outro, mas não. Passou tudo tão rápido que eu não consegui acompanhar. Sorry madrecita! Daqui algumas semanas v. receberá.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Encontros e desencontros

Uma coisa é certa. Quando eu apareço, vocês somem e quando vocês aparecem, eu sumo. Várias coisinhas tem acontecido por aqui e por mais que eu não faça nada (isso no ponto de vista de um coxinha-frustrado, claro), tempo tem me faltado. Só que como dizem por aí, depois da tempestade vem a calmaria. Ou seja, logo logo terei tempo de sobra! Aguardem! =)

Ah, e rapidinho...! Hoje estava eu a voltar para casa e faminta. Como comida é o que não há aqui (na minha casa, eu digo), resolvi comprar algo pelo meio do caminho. Saudável que sou, optei por um pão-pizza de alho e queijo que é uma belezinha. Descontroladamente pedi algo do tamanho da minha fome, mas não fui capaz de comer. Também não queria jogar fora. Oras, havia um pouco mais da metade, era bom e custou em euros. Resolvi então procurar alguém que pudesse ficar com a outra parte. Sim, eu estava comendo enquanto caminhava até minha casa. Sim, aqui as pessoas comem andando pelas ruas. E sim, há mendigos, ainda que bem mais vestidos, limpos (?) e afortunados que os nossos. Enfim. Dois minutos depois de ter tido tal boa idéia, cruzei com um simpático ser de mantinha nas costas, o Anthony. Fácil assim. Disse que tinha o tal do pão-belezinha-de-alho-e-queijo e ofereci a ele. Todo maroto, aceitou e me agradeceu. Em troca estendeu a mão cheia de moedas e quis me dar (???). Claro que recusei. Ele insistiu, disse que era uma troca. Eu dava o pão, ele me dava uns trocados e assim ninguém saíria perdendo (???). Me senti quase que parte da comunidade suburbana de Dublin. Por fim, ele desistiu. Perguntou meu nome, eu o dele e foi embora feliz, com comida e dinheiro no bolso. E eu, pensativa. O curioso é que mais uma vez eu estava com meu lindo casado xadrez que tanto gosto. Coincidência ou não, talvez melhor não usá-lo mais.

Enfim, em breve voltarei com novidades mais interessantes.

beijinhos saborosos,
Ellen

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Votação

Como dizem que a voz do povo é a voz de Deus, o blog continuará. Com a esmagadora maioria de 4 votos (ok, um meu) e um “Precisamos de você”, a opção Sim, gosto de saber o que está acontecendo foi a mais votada. Logo, se não sou capaz de tirar o doce de uma criança, quem dirá de três! E eu também gosto de escrever aqui. Ou seja, eu fico! =)

Obrigada pela participação!

beijos vitoriosos,
Ellen

sexta-feira, 3 de abril de 2009

U2 em Dublin

Em julho terá show do U2 em Dublin. Sei que isso soa como uma baita de uma experiência cultural que eu não deveria perder. Só que vou. Claro que gostaria fazer parte disso, mas o custo-benefício é altíssimo. Semana passada venderam todos os ingressos em pouquíssimas horas. Resolveram então, fazer um show extra. Essa semana colocaram os ingressos novamente a venda e advinha? Gente dormindo na fila desde a noite anterior. Eu não pertenço mais a esse mundo. Ainda tenho traumas irreparáveis do show deles no Brasil. E também já vi de perto que Bono é quase um leprechaum e usa plataformas. Sem falar que o cd novo é bem chatinho. O curioso é que só estrangeiros e claro, brasileiros, estavam ensandecidos em busca de um ingresso. Ok, eu até que tentei com o menor dos meus esforços. Os irlandeses em si nem deram muita bola. Longe de mim fazer generalizações, mas eles não gostam muito do U2. E nem do Colin Farell. Dizem que o Bono fala, fala e fala, mas pouco faz pela Irlanda. Eu não sei bem o que eles esperam, mas por alguma estranha razão eu os entendo. E sem contar que os irlandeses ficaram ainda mais ressentidos, vamos assim dizer, porque o U2 lançou o tal do novo CD com um show na Inglaterra e não aqui. É, eles também não se simpatizam muito com a quase-terra do Charles. Ok, não é que eles não gostem de ninguém. Historicamente a Inglaterra agiu de má fé com eles por muitos anos e como resultado, ficou uma relação meio Brasil e Argentina. Eu também ficaria magoada. Já em relação ao Colin Farrell, ouvi alguns o chamando de faggy que é tipo bichinha em inglês. Pouco me importa. Não ficaria decepcionada em encontrá-lo pelas ruas de Dublin. Aliás, no albergue em que morei encontrei uma ex-modelo de Nova Iorque que teve um casinho passageiro com ele. Verdade ou não, feliz é ela que fez disso real.

Só por curiosidade, esses são os preços dos ingressos aqui e como em todo o mundo variam de acordo com a relação proximidade do palco e chances maiores de ver o show… €33,60 – €59,80 – €91,50 - €131,50.. Confesso que gostaria de saber como foi feito o cálculo para se chegar a valores tão exatos. Anyway, bom show para quem for!

beijos tranquilos,
Ellen

domingo, 29 de março de 2009

birthday

Hoje é meu aniversário.
Sei que para vocês ainda não, afinal 4h nos separam agora. Na verdade para mim também é só meio que em teoria. Apenas considero o dia um novo dia depois do amanhecer. Enfim...

Só sei que cá estou, agora com 1/4 de século de vida comemorado pela primeira vez na primavera. Começo a me afastar dos 20 e a rumar para os 30. É a idade indicada para o começo do uso de cremes anti-rugas, de ter dinheiro próprio para sustento e o pior, de começar a pensar em fazer planejamento familiar. Eu começo bem. Sem um tostão, sem pretendentes, mas pelo menos continuam pedindo minha identidade para entrar nos pubs daqui.

DSC00641

Vou sentir falta de vocês hoje (ou amanhã) comigo.

Happy b-day!
Cheers!

Ellen

sexta-feira, 27 de março de 2009

paddy´s tuesday

Voltando ao assunto…
Dia 17 de março é o dia de St. Patrick, mas a festa em si começa alguns dias antes. Esse ano, desde quinta-feira. Sim, são 5 dias de comemorações. É como se fosse um final prolongado quando a cidade está cheia de gente bonita festejando para cima e para baixo. E nesse clima super convidativo, o João Eduardo veio me visitar. Seguindo todas tradições culturais do país, por 4 dias usamos nossos acessórios comemorativos, nos empanturramos de comidas típicas (e outras também de origem duvidosa) e fomos de pub em pub. Foi ótimo, porque sempre ajuda a amenizar a saudade.

O quinto e último dia é o mais esperado por todos. É quando todos vestem algo verde (tudo bem que há pessoas usando verde todos outros dias também, como nós), vão as ruas para ver o tão esperado desfile e depois se afogam em litros e litros de pints. Ah, inclusive há cerveja verde nesse dia. Eu estava super entusiasmada com isso e achei que fosse vê-la jorrar por todos os cantos da cidade, mas não. É quase que um mito. Achamos a tal cerveja só em um pub e que nem era dos mais animados, conclusão, deixamos para depois, esquecemos e não a tomamos. Tudo bem, quem me garante que não tinha menta lá dentro? Eca!…Só tomei um milkshake verde-super-edição-especial no McDonald´s, o tal do Shamrock Shake. Olha que coisa de gente perdedora! Eles não dizem do que é feito, mas só pode ser com menta. Tinha gosto de menta, oras. Diria que foi pela experiência e também só me custou 1 euro.

Antes de irmos para o desfile, fomos encontrar uma das minhas novas amigas, a Joana. Ela é portuguesa e eu ainda tenho algumas dificuldades em entendê-la. Ela também morava lá no albergue. A cidade estava absurdamente lotada. Como esperado, gente verde por todos os lados. Claro que não conseguimos escolher nosso lugarzinho ao sol. Ah! Isso vale um menção…o dia estava lindo! Super ensolarado (!). Aliás, foram 5 dias de sol interruptos, apesar do ventinho gelado de fim do dia. Ficamos presos no meio da multidão num dos piores lugares possíveis para assistir ao desfile, acredito eu. Nessa hora eu entendi porque todos os irlandeses que eu conversei sobre isso disseram que preferem assistir pela TV. Bom, como não sou irlandesa, eu é que não iria ver televisão. O tema desse ano era The Sky is the limit. E por ironia, não conseguimos ver nada, só as coisas altas que estavam perto do céu. Além de escutar as bandinhas, claro. DSC00854

Tudo bem que eu pouco vi, mas não entendi muito bem o que estava acontecendo. Primeiro, um balão. Super bonito por sinal. Depois, umas réplicas de jogadores gigantes saltitando. Esquisitos. Daí, uns sacos de batatas (?) e uma vaca de cabeça para baixo (?!). Em seguida, uma aranha inflável desgovernada, um foguete, um porco dourado voador (???) e o Godzilla, mas só a cabeça e os braços. Um irlandês branquelo e mirradinho estava no lugar do corpo. Para encerrar, flores gigante com a música dos Beatles seguidas de uma banda alemã em trajes vermelho e preto tocando algo parecido com o Olodum (!). Acredito que eles ultrapassaram todos os limites. Nunca vi uma coisa tão doida. Ou vai ver que as alas que faziam as conexões de uma coisa com outra eram terrestres, e portanto, longe do meu campo de visão.


Sei que é algo para não ser comparado, mas não tem como não notar que a estrutura fica anos luz de nosso carnaval. É algo meio alegórico, artesanal e quase que precário. Quase que um “Hoje é dia de Maria”. Eu gosto. Acho bonitinho. E também a cidade não comportaria algo que fosse diferente, já que o desfile é feito na rua e cruza toda a cidade. As pessoas ficam atrás das grades de ferro e aqueles que quiserem sentar, há algumas poucas arquibancadas pela bagatela de 60 euros! Claro! O que são 30 euros a hora?! Uma coisa que me impressionou foi a civilidade. Tudo muito tranquilo. Fui e voltei com bolsa, máquina fotográfica e todos meus outros pertences. Ok, comentário de gente perturbada. Enfim. Ao final, nada de empurra-empurra para ver quem chegava primeiro. Todos iam serenamente. Claro que só estava um pouco apertado demais. De lá, fomos ao Temple Bar. Nós e todo o resto. Fomos seguindo o fluxo e quando demos por nós, estávamos seguindo um podemos-chamar-de-bloco-de-carnaval brasileiro. Olha só como tem pouquinho da gente gente aqui. Pela primeira vez eu vi os pubs com filas quilométricas para entrar. Ninguém merece. Gente de tudo e em tudo quanto é canto. Eu as evitei. Não as pessoas e sim as filas. Só qual seria o tamanho de minha frustração se não fosse a um pub no dia de St. Patrick´s?! Logo, super malandra que sou, entrei por uma portinha-lateral estratégica num deles. Quase fui pisoteada. Sem contar que a tal portinha era tão lateral que tive que atravessar todo o pub naquele amontoado de gente para chegar a algum lugar. Lotadíssimo. Foi uma decisão sábia a minha. Até as idas ao banheiro tinham que ser planejadas com muito tempo de antecedência. Confesso que não aguentei ficar muito tempo por lá e também não me arrisquei ir a outros lugares. Voltei para o samba na rua. Depois fui para o rock dos italianos e terminei junto ao baila-baila dos romenos. Aliás, creio que eram romenos. Eles que adoram sanfonas por aqui.

O dia foi ótimo. Aliás, todos os cinco dias foram pra lá de bacaninhas. Mais um pouco e eu até me converteria! =)

beijos apertados,
Ellen

P.S. Super inovando, optei por novas formas de postar fotos. Espero que não tenha complicado a vida de vocês. Qualquer reclamação, façam.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Both of you

Antes de retomar o dia do Paddy, vale fazer uma pausa para o Dia das Mães. Aqui na Irlanda foi domingo. Eu, perdida que sou, liguei para minha mãe para avisá-la que seu cartão chegaria um pouco atrasado, já que era quinta-feira e eu ainda não havia colocado no correio. Para minha surpresa, minha mama ficou ainda mais surpresa. Disse que era delírio meu, já que ainda falta horrores para o dia das mães. Conclusão, o cartão chegará a tempo.

No mesma quinta-feira, estava eu a comentar o acontecido com meus companheiros de casa, os espanhóis, e fui surpreendida com a notícia que na Espanha aquele era o dia dos Pais. Sim, nada de domingos. Era na própria quinta-feira, já que se tratava do dia de São José. Só que nada de dia das mães no domingo para eles também. Só em maio como o nosso, creio eu.

Conclusão pra lá de coxinha, pouco importa o dia, para mim todo dia é dia das mães e dos pais! Bom, pelo menos dos meus.

Amo muito vocês minha dupla favorita!


beijos duplos e cheio de saudades,
Ellen


quarta-feira, 18 de março de 2009

Paddy´s Day!

Ontem eu era irlandesa.
Aliás, no Dia 17 de março todos são irlandeses. É o dia conhecido como St. Patrick´s Day, ou para os íntimos, o Paddy´s Day. Para aqueles que nem sabiam que ele existia, o Saint Patrick (ou o São Patrício, como chamam no Brasil e eu acho esquisitíssimo) é o padroeiro da Irlanda (embora pudesse ser conhecido também como o padroeiro da cerveja). Além de ser também o responsável pela elevação do trevo à categoria de celebridade e a extinção das cobras na Irlanda. Sim, não há cobras na ilha inteira. Eu acho ótimo, já que não gosto delas. Porém deve ser por isso que há tantas aranhas por aqui. Enfim. Hoje a República da Irlanda (onde estou e cuja capital é Dublin – há!) é um país católico e o St. Patrick ajudou nisso. Ele usava o trevo de 3 folhas para explicar a Santíssima Trindade (o tal do Pai, Filho e Espírito Santo) todos unidos por um único caule (é chamado caule aquele ‘tronquinho’, não?). Espirituoso ele. E foi assim que o trevo se tornou o símbolo da Irlanda. O de três e não o de quatro folhas, como eu pensava quando aqui cheguei. Já em relação as cobras eu desconfio que seja verdade. Já ouvi dizer que elas nunca existiram por aqui. Porém, como elas são um símbolo pagão (a tal da serpente com a maçã) nada mais bonito e poético do que St. Patrick escurraçá-las daqui.


Happy Paddy´s Day (ainda que no dia seguinte)

Feitas as apresentações iniciais, em breve trarei notícias e fotos de como foi o meu dia de irlandesa. Aguardem. Se é que ainda tem alguém aqui para aguardar! =)

beijos triplos,
Ellen

P.S Só por curiosidade, os trevos são chamados de Shamrock nessa língua.
P.S. 2 Achei esse vídeozinho que que mostra o momento da expulsão das cobras da Irlanda. Um tanto quanto sangrento, mas engraçadinho.




segunda-feira, 2 de março de 2009

Dia de São Valentino

Sei que as notícias já estão um pouco ultrapassadas, mas como dizem por aí, nada como um dia após ao outro. No dia seguinte ao meus maus momentos vividos, foi o Valentine´s Day (14 de fevereiro). Traduzindo, o dia de São Valentino, que nada mais é que o Dia dos Namorados. Sim, acho que só no Brasil é comemorado em junho. Não sei porque. A data em si não surte efeitos desastrosos em mim, mas esse seria meu primeiro final de semana aqui, ainda sem amigos e num dia em que todos andam aos pares e meninas sozinhas não são bem vistas, ainda mais em pubs. Enfim. As coisas aqui não são muito diferentes do Brasil nesse dia. Corações, flores e cartões para todos os gostos e por todos os lados. Além de restaurantes lotados e preços inflacionados. E o que era para ser um dia fadado a desgraça, foi adorável. Já que precisava de calças novas, resolvi que não haveria dia melhor para isso. E lá fui eu para meu programa revigorante de mulherzinha, compras. Antes de sair, coloquei meu super casaco quadriculado/xadrez (sim, o tal) e antes mesmo de deixar o quarto escutei um "que lindo seu casaco". Quase me debulhei em lágrimas. Depois disso, ouvi outras três vezes no mesmo dia. Foi especial. O albergue fica em frente ao Rio Liffey e estrategicamente atrás do Temple Bar. Ao sair daqui, vi uma movimentação estranha no rio e imaginei que alguém tivesse se jogado. Deve ser trauma de ter morado na região em que tudo acontece em SP (helicóptero em baixo de ponte, buracos homéricos, gente se jogando semanalmente no Rio Pinheiro, etc). Só que na verdade era uma competição de remo. Muito legal. Não sei bem exatamente do que se tratava, mas as mais diferentes pessoas estavam participando. Tinha o barco dos novinhos, dos velhinhos, das mulheres e por ai vai. Estava divertido. Havia alguns até com torcida organizada.



o albergue fica ali do lado esquerdo da foto
é do lado desse prédio marrom, só que não aparece na foto


eu adoro as meias

Quase congelando na beira do rio, resolvi que era hora de ir atrás das calças. Aqui há uma loja jóia que tem várias marcas e custam pelo menos 40% menos do que numa loja normal. É uma beleza. Enfim. Para lá fui eu. No caminho, numas das ruas famosinhas e charmosinhas de Dublin, a Grafton Street, vi mais uma manifestação. Dessa vez era um apanhado de pessoas sassaricando de um lado para o outro com cartazes. Míope que sou, só notei de se tratava do Free Hug quando já estava a uma distância suficiente para ser abraçada. Para aqueles que não sabem, Free Hug é uma campanha bem legalzinha e destinada a gente carente. Bobagem! Na verdade, tudo começou na Austrália com a bonita idéia de distribuir abraços a estranhos nas ruas de forma gratuita e pura para fazer as pessoas se sentirem melhor. Bom, comigo funcionou. Lá estava eu acanhada e tirando fotos quando fui notada e consequentemente abraçada. Aliás, mais um pouco eu teria até chorado no ombro do coitado que me abraçou. É o tal negócio de gente-recém-chegada-e-descontrolada. E eu também havia sido apedrejada no dia anterior, tinha todo esse direito. Só que me comportei. Não queria assustar as pessoas. Aliás, diria que de todos os abraços de poderia ganhar, recebi um bem bacaninha. Abençoado seja aquele que deu o primeiro abraço!


os que não abracei


o abraço que ganhei

Logo após a galerinha dos abraços gratuitos, havia a galerinha do Love Bus. Sim, o Ônibus do Amor (?!). Confesso que fiquei receosa com o que isso poderia ser, mas se tratava de caridade. Sim, caridade no sentido menos inovador da palavra. Por mais mesquinho que isso possa parecer, o dinheiro que tinha era para as minhas calças. Mantive o foco e passei rapidinho por lá.


The Love Bus


No final, não comprei as calças, mas super me diverti. A barganha do dia ficou por conta de um casaco da Zara de 40 euros por 14 euros! Ponto para mim. Agora as lojas só vendem roupas de verão (?!).
abraços apertados,
Ellen

P.S. Vale dizer que hoje eu me encontro muito mais estabilizada emocionalmente do que o tal dia em questão.

São as águas de março

E já é março...!

Em poucos dias fará um mês que estou de volta...
Em pouco mais de uma semana será St. Patrick´s Day. O dia em que tudo é verde, inclusive a cerveja...
E em algumas semanas será meu aniversário! O dia em que completarei 1/4 de década. Aliás, essa questão de idade tem me causado conflitos internos. Todos acham que sou muito mais nova do que realmente sou. Antigamente (digo, até umas duas semanas atrás) ficava radiante ao escutar isso, mas agora depois de ouvir pela quarta vez em menos de uma semana que eu tenho 19 anos, comecei a me preocupar. Afinal, afasto os mais velhos e só atraio os mais novos. Em todas as áreas da minha vida. Conclusão, sempre acabo virando a tia da galera. E do auge dos meus felizes 19 anos, passo bruscamente a me sentir uma trintona! No entanto, acho que ainda não paro com meu anti-rugas.



(sei que o vídeo foge do contexto, mas é do senso comum pensar em Águas de Março todas vez que a palavra março é mencionada. Além do mais, achei essa versão curiosa)

beijos de fim de inverno e verão,
Ellen



quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Um dia de Geni

Sexta-feira passada foi meu dia de cão.
Como não tenho aula esse dia da semana, a idéia era dormir até mais tarde. Só não dormi como acordei ainda mais cedo que o normal, lá pelas 6h50. Se fosse de minha vontade até vai lá, mas não, foi da vontade da minha querida-temporária-e-alemã colega de quarto. Ah, vale a ressalva de que estou morando temporariamente num albergue (no sentido menos social da palavra). Até que é bem bacaninha. Em uma semana, já passei por vários quartos com várias pessoas diferentes. Umas bem legais, outras tudo bem e algumas que nem percebi que aqui tiveram. Essa da terra do homem do bigodinho foi a mais notável. Ela veio passar uns dois dias em Dublin com uma amiga. Eu até que tentei, mas apenas trocamos duas palavras, hi e bye, já que ela estava na cama de cima da minha e precisávamos ser ao menos educadas. A amiga era divertida, mas já a pequena notável, desnecessária. Eis a lógica do negócio:
- Aqui o café da manhã é servido das 8h até 10h;
- Um europeu não demora mais do que 10 minutos no banho;
- Normalmente num albergue, as malas nem são desfeitas;
- Ir do 3º andar (onde era o quarto) ao 1º andar (onde o café é servido) não leva 3 minutos.
Ou seja, qual a necessidade em acordar com tanto tempo assim de antecedência num quarto onde todos estão dormindo e a luz está apagada e nada se vê? Ok, ela pode ter perdido o sono. Ficasse quieta. Não, a doce menina fez o trajeto cama-chão repetidas vezes usando, é claro, a escadinha que fica ao lado da minha cabeça. Cada vez que chegava ao chão ela abria a mala ou tocava em ruidosas sacolinhas plásticas. Na cama, era a síndrome das pernas inquietas. Fiquei arrependida de não tê-la mandado a merda dormir de novo. Ponto para ela. As 8h, ela foi tomar café da manhã e eu dormi de novo. Ela voltou e eu acordei. Daí, ela dormiu (!!!!!!!!!) e eu aproveitei para dormi também. As 9h ela, que já estava acordada de novo, foi secar o cabelo. E para que usar o secador que há no banheiro com a porta fechada? Ela teve a solidária e sagaz idéia de ligá-lo no meio do quarto (!!!!!). Simples assim. Mais um ponto para ela. Eu bufei, levantei e quase rosnei. Fiquei mais uma vez arrependida de não tê-la mandado dormir. Numa atitude nobre de minha parte, fui tomar um banho-não-europeu e a fiz esperar horas só para escovar os dentes. Ponto para mim. Depois saí sem ao menos dizer bye dessa vez.

Depois de enrolar toda a manhã, fui almoçar com a Bora, a Ka Hee e a Heesun. Sim, são pessoas e sim, são nomes de meninas. Era despedida da Bora. Triste. Super inovando, fomos num outro restaurante coreano, muito mais gostoso. Por coincidência, encontramos o Mingu por lá. Era despedida dele também. Triste. Eu havia sido convidada, disse que não poderia ir, mas, no entanto, lá eu estava. Situação confortabilíssima. Na verdade, fui forçada a negar o convite dele. Por mim, iríamos todos juntos. Só que coreanos são estranhos. Como só a Bora conhece o Mingu, seria muito chato se juntássemos todos e todos passassem a se conhecer (!). Coisas da mente amarela. A coincidência, no final, foi feliz. Acabamos almoçando meio que juntos, mas claro que em mesas separadas (!). Ponto para mim. Na tentativa de adiar o tchau definitivo, falei para as meninas que poderíamos ir a algum pub à noite. Só que seguindo a linha de raciocínio amarela, fui gentilmente não-convidada para a festa de despedida da Bora. Ela iria sair com os amigos da sala dela (que há 1 mês atrás era minha também) e como eu não os conhecia, não poderia ir junto (???). Ponto para ela. Quando perguntei ao Mingu o que ele iria fazer, tive a mesma resposta “Vou sair com o pessoal da minha sala”. Péhh! Ponto pra ele. Assim, jogada as traças, voltei para o albergue.


a comida é coletiva e meu prato preferido é esse primeiro. Não sei bem do que se trata, mas é lula preparada de um modo coreano


super no clima do korean gesto

Ao entardecer, tinha um apartamento para visitar. Sim, estou à procura de algo menos coletivo e mais pessoal para morar. Enfim. Coloquei meu super casaco xadrez que eu tanto gosto e lá fui eu, a pé, conhecer um apartamento para dividir com duas francesas. Como as ruas aqui em Dublin nem sempre têm nomes, não era por menos que eu não achasse a que queria ir. Parei por segundos para pensar numa alternativa, quando um casal de brasileiros simpaticíssimo passou por mim. Ele dizia a ela “Tudo aqui é estranho. Esse povo é esquisito. A comida...o estilo...as roupas...olha essa coisa quadriculada”. Sim, era eu e meu casaco. Enfim. Liguei para a francesa avisando que estava perdida e nada dela responder. Mandei mensagem, liguei de novo e nada. Ou seja, fui lá à toa e fiz papel de boboca. Ou melhor, elas é que eram bobocas. E mais uma vez jogada as traças resolvi voltar para o albergue.

Durante meu trajeto, cruzei com duas jovens irlandesas perturbadas. Elas falavam escandalosamente. Por algum motivo muito obscuro dentro daquelas cabecinhas cheias de nada, uma delas segurou meu braço (?!). Vai ver ela queria meu casaco. Ainda bem que ela logo soltou e não tive maiores problemas. Só que na mesma rua, um pouco mais a frente, passei por um grupo de fedelhos e fedelhas. Eu estava de um lado da rua e eles do outro. Deviam ter uns 12-13 anos, todos alvos, usando cortes de cabelo de gosto mais do que duvidoso, agasalhos de moletom e tênis do tipo Keds. Quando eu tinha a idade deles, também era a moda usar Keds. A diferença é que na minha época só as meninas usavam. Enfim. Eles são os garotos problema de Dublin, segundo meu mais novo amigo irlandês que depois venho a contar dele, esses delinqüentes são conhecidos como Scumbags. Já cruzei com vários deles por ai, mas nunca tive problemas. Só que como dizem, se tudo pode ficar pior, por que não ficar? Para encerrar o dia em grande estilo, esses dementes jogaram pedras em mim (?). Assim, super normal. Coisa de gente sã. Pelo menos as pedras não eram grandes. Não fiz nada, nem olhei para o lado. Só queria sair dali. Pensamentos muito do mal me passaram pela cabeça e a minha vontade era de apedrejá-los com tijolos ou blocos de concreto, caso eu conseguisse erguer um. Nem nossos faveladinhos se comportam de maneira tão selvagem. Bando de amadores.
Finalmente, depois de conseguir chegar sã e salva no albergue, resolvi que dali não sairia mais. Pena que resolvi isso tarde demais. Nunca tinha participado de tanta desgraça. E muito coxinhamente falando, o que me abalou mais mesmo foi o casaco. Não, não foi. Fiquei bem triste que meus amigos jaspions foram embora. Sentirei falta dessa complexidade de seres humanos. E voltamos ao alto custo social em fazer amigos. Pontos para eles.
Beijos em quarentena,
Ellen

Scumbag: é usado para descrever alguém que não vale nada, tipo a escória humana.


quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Maria Pita e seus amigos

Estava na dúvida se escrevia sobre isso ou não, mas me achando a propagadora de informações resolvi fazer de tal assunto uma espécie de utilidade pública. Porém, como vai ano e vem ano eu continuo com a mesma prolixidade e contarei a história desde o começo. E agora agravada por essa carência de gente-recém-chegada.

Como minhas vindas para cá são sempre (ok, essa foi a 2a. vez) um pouco conturbadas, dessa vez não foi muito diferente. Quer dizer, em partes. Pelo menos até a hora do embarque e um pouco depois. Se era para levantar voo (já na versão ortograficamente reformada) às 21h30, só lá pelas 21h45 é que fui conseguir entrar no avião. Também pudera, era final de semana de chuva em SP. E se só o fato de alguém cuspir no chão causa transtornos, quando chove de verdade, causa um colapso. Era um tal de passar gente com radinho para lá e radinho para cá: "Tá indo pra Viracopos?", "Não vai pousar?". Só coisas animadoras e que me traziam a mente a palavra Congonhas. As novas valetas (ou seja qual for nome daquilo) deviam ter entupido. Não sei e confesso nem querer saber como funciona isso, mas acredito que vários voos devem ter ido pra Cumbica. O que sei é que um maledeto avião da TAM que ia pro RJ estava estacionado na vaga do meu avião(?). Coisa de paulista procurando vaga no shopping aos finais de semana. E lá ficamos como uma grande e agitada família ocupando todo o saguão. Era gente da Iberia e da TAM tudo bem perdidamente juntinho. Até que dava pra separar. Os de casacos e botas eram do primeiro, e os de havainas do segundo. Eu continuei sentada e assistindo a tudo aquilo. O que me deixou feliz é que ao invés de 1 dia de atraso, dessa vez foi só 1 hora. Ponto para Maria Pita*!


Dentro do avião em si é que começa essa coisa de utilidade pública. Lá fui eu para minha classe ultra econômica. Aliás, se não tivéssemos que passar pela 1a. classe para chegarmos lá, continuaríamos sabendo que a econômica é ruim, mas não que é tãaao ruim. Enfim, lá fui eu me ajeitar para minhas intermináveis horas de voo e sono. Cobertozinho ali, cinto aqui, tênis lá e o travesseirinho. Caramba! Que travesseirinho nojento! Tudo bem que pode ser algo inocente de minha parte, mas eu realmente acreditava que eles trocavam a cada voo. Só que não! Quando estava a afofar o meu notei não uma pequena mancha, mas sim um dos lados completamente manchado por um colarinho-azul-marinho-suado. Foi a visão do inferno. Como ainda estava sozinha na poltrona, super malandra, resolvi terceirizar meu problema e o troquei com o do meu vizinho. E mais uma vez aconteceu. Dessa vez havia um mini cabelo do tipo corte masculino. Deve ser do amigo do de colarinho azul. Que coisa desagradável. Já sem opções ao meu alcance pedi para a aeromoça trocar. Ela tentou, mas não haviam novos travesseirinhos disponíveis. Segundo ela, 30 lugares estavam vagos e ela poderia pegar algum assim que todos embarcassem. Como assim?! Mais um usado?! Eu comecei a suar frio. Onde colocaria minha cabeça pelas próximas 10h? Já comecei a pensar em forrá-lo com o plástico do cobertozinho, embrulhá-lo com alguma roupa minha, qualquer coisa. Porém, havia o risco de morrer sufocada ou ficar sem roupa para usar nesses dias frios de Dublin, e foi aí que eu vi a luz. Sempre (sempre mesmo) tirem a fronha dos seus travesseirinhos. Como sei que poucas pessoas lêem isso daqui, eu posso dizer assim abertamente. Afinal, se todos resolverem tirar a fronha, danou-se. E dos 30 lugares vagos, um era ao meu lado. Ponto para mim! Fiz de lá minha cama e ao invés de um, usei dois travesseiros sem fronha.

beijos nus,
Ellen


* Eis a Maria Pita..

Por alguma estranha razão, talvez numerológica, os aviões da Ibéria tem nome. Acho caloroso.



Os patos que não vão...

Eis as fotos da minha voltinha na segunda-feira....


com um pouco mais


com um pouco menos


a metade de lá congelada


o congelado de perto


os patos/pássaros/pombos albinos/coisas voadoras curtindo a parte não congelada (óbvio)

beijos em flocos,
Ellen

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Fáilte!

Cá estou novamente. Aos desavisados, já fui e já voltei, só não avisei. Quero dizer, não publicamente. Como nem tudo que é bom obrigatoriamente dura pouco, junto comigo volta o blog. Olha que jóia. E volto numa versão super revigorada-a-la-gás-total. Além é claro de um pouco mais baiacu (pelo mens uns 250 kg exageradamente espalhados por toda minha extensão) e um bronzeado de fazer inveja a mais rosa das pessoas. É o que acontece quando pessoas são privadas de boa comida e luz solar por um bom tempo. Ou vai ver que é o calor que incha. Vai saber.

Cheguei ontem quase a noite. Se antes eu descascava por causa do calor, agora descasco por causa do frio (!!). Agora faz 1°grau e chove levemente. Dizem que a sensação térmica é de -4°. Que seja. Continua frio. Eu gosto. Hoje fui dar umas voltinhas pela cidade. Claro que ela não mudou estruturalmente, mas a neve que resolveu cair após 20 anos deu um charme a mais. Ao contrário do que todos pensam, não é comum nevar em Dublin. Só que esse ano, tudo que não havia nevado, nevou. Agora restam alguns montinhos brancos espalhados, lagos congelados nos parques e a água da neve derretida nas ruas. A previsão do tempo diz que irá cair alguns floquinhos essa madrugada e talvez amanhã. Veremos. Depois eu conto para vocês.
beijos refrescantes,
Ellen
P.S. Nas minhas andanças, acidentalmente, já encontrei uma das coreanas. A Ka Hee. Não sei se já falei dela antes, mas é uma das muitas. Estudávamos juntas e ela normalmente fazia parte da trupe que me acompanhava ao korean restaurant. E depois dizem que Jaú é pequena. Ahã.
P.S. Claro que gostei de ter encontrado a Ka Hee, mas gostei mais ainda de ter visto vocês.

*Fáilte = bem vindo em gaélico