segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Vinho irlandês

Pessoas adoráveis,

Tenho que confessar uma coisa antes de tudo. Fui relapsa, não fiz minhas anotações essa semana e o pior, deixei tudo a mercê de minha memória. A conclusão é de que não me lembro de detalhezinhos para deixá-los a par, então usarei meus arquivos fotográficos para tentar me lembrar de tudo o que fiz (isso soa estranho). E já que o assunto está tomando um rumo esquisito, tenho outra confissão. Sim, eu anoto as coisas que acho valer a pena contar a vocês depois. Ok, vamos encarar isso como dedicação e não como algo doentio.

A semana que passou começou de uma maneira muito estranha. A Hiromi, a japa-crazy-girl, estava doente (leia-se gripada). Ela ficou mal o final de semana inteiro e sensibilizada, até ofereci alguns dos milhares de remédinhos que mamãe mandou junto comigo para cá, mas ela recusou. Japoneses se curam naturalmente, a base de chás. Depois de vê-la piorar cada dia mais, passei a desacreditar nessa cultura dita sábia e milenar. Acho que ela também. Estávamos jantando na terça-feira e ela começou com umas conversas estranhas. Primeiro comentou que estava achando estranho eu estar em casa (ok, eu moro aqui!) e não ter planos para sair aquele dia (ok, era terça-feira). Achei um tanto quanto atrevido, mas depois a verdade veio à tona. Ela perguntou se eu estava pensando em fazer algo depois do jantar e eu sincera e secamente disse que não, que meu plano era ficar em casa e assistir a um filme. Daí ela se usou do fato de termos que conversar em outra língua e jogou uma bem-elaborada indireta-quase-direta. Eu falo que ela é malandrona! Conclusão, me senti mal em recusar ao pseudo-convite-quase-forçado e fomos ao Temple Bar. O objetivo dela era seguir os conhecimentos irlandeses do "enjoy yourself com uma Guiness" para a cura. Faço aqui uma pausa para um momento de lembranças. Fiquei doente semana passada (e pensando nisso agora, ela pode ter ficado doente por minha causa. Bad Ellen) e fui com o francês fazer a mesma coisa. Para meu espanto, estava jóia no dia seguinte. Ela sabia disso, e vendo que os chás eram ineficientes, resolveu apelar. Ok, lá fomos nós. Já aqui faço uma observação. No último final de semana chegou um espanhol de fala incompreensível aqui em casa. Uma mistura de espanhol e inglês-de-sotaque-espanhol, o tal do espanglês. Os asiáticos falando inglês soa como música se comparado ao dialeto usado por ele. Não escreverei muito sobre isso agora, pois acho que merece um capítulo a parte. Enfim, fazendo as honras da casa o convidei para ir conosco em nossa jornada de cura. Notei que a japa ficou incomodada, afinal eles não conseguem conversar. É muito engraçado. Tenho que fazer a tradução as vezes. Uma coisa é certa, se o inglês não ficar, o meu espanhol ao menos ficará muito jóia! Retomando, lá fomos nós três. Como é divertido! Durante o trajeto eu e a japa escutamos uma música vindo de algum lugar (óbvio!) e resolvemos entrar numa ruela para tentar descobrir de onde. Nesse momento, o espanhol de 2m de altura se revelou amedrontado com a situação. Ah, faça-me o favor! Primeiro porque estávamos numa das ruas principais da cidade, segundo que mesmo se estivéssemos na periferia de Dublin ainda estariamos seguros e terceiro que era só uma rua! Eu fiquei incrédula! Disse para ele se acalmar, pois estava seguro comigo e com a japa. Ela achou engraçado. Aliás, as vezes eu me sinto como se fosse uma representação da liberdade de expressão para ela. Acho que na cultura-do-peixe-cru há uma certa repressão, pois ela jamais expressa o que está pensando. Bom, no final das contas não encontramos o tal do lugar da música e fomos para o T. Bar. Antes, ficamos um tempo sentados na beira do fresco Rio Liffey em busca da cura da Hiromi e depois fomos em busca de irish music. Bom, ou ela morria ou se curava de vez. Sobreviveu, mas para se certificar teve que tomar um dos meus remédios primeiro. Ironias culturais.


japa


espanhol


meus roomies

beijos sadios,
Ellen

P.S- Essa história de beber uma Guinness parece conversa de gente irlandesa, mas até que tem seu fundamento. Várias vezes já ouvi por aqui que beber uma pint de Guinness por dia faz bem. Aliás, é um hábito comum entre as avós e avôs aqui. É a tal história da taça de vinho. Bom, já diria o slogan da cerveja há milhares de anos "Guinness. Is good for you".

P.S 2 - Como sou leiga no assunto, confesso que não sabia a utilidade da tal bolinha que vem dentro da latinha da Guinness. Agora eu sei! É uma bolinha com nitrogênio que faz com que a espuma fique muito mais cremosa quando servida no copo. Quase-como-se-fosse tirada na hora.

6 corações abertos:

Pâm disse...

AAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH
Ellen!!! Vc matou minha dúvida mais profunda!!! A bolinha da Guiness!!! Nossa, me sinto renovada culturalmente!!!

Aliás, slogan de criatividade tipicamente irlandesa ahahaha

Bjos iluminados

Lilit disse...

Nossa!!! Eu sempre disse q era uma bolinha de nitrogenio q fazia espuma! Nunca ninguem acreditou em mim.humpf.

Anônimo disse...

ellen, cheguei! aliás, nem sabia que vc já tinha ido (nem me convidou pro seu bota fora hein?!?!? coisa feia...rs)- mas as meninas lá fdo america me dedaram seu blog... agora passo por aqui de vez enquando, pode deixar! 'pra dar uma espiadinha...hehe' bjossssss
Joana

Ellen disse...

PâM, tb me senti assim quando descobri. E Thato, peço desculpas!Não só não acreditei, como não devo ter dado a devida atenção, já que não me lembrava disso. Perdon! Juro que mudarei.

Ellen disse...

Jorenes! Que honra tê-la por aqui!
Espero que tenha paciência o suficiente para me ler. =)
E não fui má educada dessa forma. Jamais faria isso. Não te convidei, porque nem eu sabia que eu estava convidada. Foi surpresa! Logo, sem escolhas.
Espero que goste do blog.
beijinhos
Ellen

Mr. Japys disse...

Reforço o que disse há algum tempo: cuidado com a Sadako. Eles são tão reprimidos por lá que podem estourar a qualquer momento (como uma panela de pressão cheia de milho).

(O milho foi só pra ilustrar mais...)

Incrível como você age como Central de Experiências/ Intersecção Cultural pra galera... haahah

"Tenho medo"

Ellen - Hey, vamos lá, não tem problema.

"Tô doente"

Ellen - Ok, eu te levo para a cura.

Nem sempre é tão na boa, ams sempre vai :D

Pena que você só faça essas coisas aí e, aqui, se encoxinhe debaixo das cobertas...

Realmente, a Thalita sempre disse do lance da Guiness, porém, tb confesso, de uma maneira Thalita

beijos